quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Editorial

Basta!

Os professores saíram à rua, em protesto com o novo sistema de avaliação dos professores proposto pelo governo. Em defesa da sua carreira. Em defesa, também, do ensino em Portugal, acrescentamos. Porque perante a grandiosidade da manifestação ocorrida no passado sábado, em Lisboa, que reuniu cerca de 120 mil professores (num universo que ronda os 146 mil), o governo não pode continuar a fazer “orelhas moucas”. Antes deve estimular cada vez mais o diálogo, partilhando ideias e propostas, de modo a que se resolvam as questões e retorne a estabilidade e a serenidade às escolas, aos alunos, aos pais. E aos professores. Querer reformar o ensino em Portugal deixando de fora deste processo os professores, agentes fundamentais para o acto de educar/ensinar, parece-nos impossível e inconsequente. E, em última análise, absurdo. Bem pelo contrário, é fundamental que se criem todas as condições para que os professores recuperem a alegria de ensinar e de desempenhar a nobre profissão que abraçaram.
O que mais incomodou no meio de tudo isto foi a entrevista concedida à RTP1 pela Sra. Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, poucos minutos após o termo da referida manifestação. Porque veio na linha de outras, nas quais (alguns) políticos pretendem fazer-nos crer que a realidade é a que advém das palavras que nos dirigem e não aquela que apreendemos e analisamos por nós próprios. Urge, para credibilização da política, dos próprios políticos e do sistema democrático que dizem defender e preservar, que o discurso que nos é dirigido seja claro, transparente, objectivo. E verdadeiro. Importa também que, do “lado de cá”, demonstremos que não queremos mais aquele tipo de abordagem às questões que nos interessam e preocupam. Basta!

Gente feliz com lágrimas. O título do romance de João de Melo veio à ideia com as imagens passadas pela generalidade das televisões. Rostos negros, sobretudo, carregados de felicidade, agora “vingados” de anos de sofrimento e preconceito, desde a distante escravatura ao mais recente “apartaid” (e dos laivos de puro racismo que, volta e meia, continuam a verificar-se, felizmente em número e dimensão cada vez menores). A eleição de Barack Obama, carregada de idealismo e simbolismo, traz ao mundo uma nova esperança. Que contribua para o equilíbrio entre raças e ideologias e para a paz no Mundo. Que contribua, também, para a recuperação da economia mundial. Assim todos desejamos.

No futebol, os maus resultados trazem sempre à liça diversas análises e conjecturas. O Penelense não fugiu à regra, tanto mais que no início da época a subida de divisão foi apontada como uma das metas a atingir. Agora, ao cabo de mais duas pesadas derrotas (3-0 em Nogueira do Cravo e 1-4 na recepção ao Vinha da Rainha), equacionam-se as opções da Direcção, os fartos vencimentos de alguns jogadores, a ausência de jogadores da terra, o técnico…
A ausência do treinador há cerca de três semanas, por doença, poderá não ser alheia aos resultados menos conseguidos. Mas nesta fase importa sobretudo que a resposta venha do plantel e da coesão do “balneário”. Porque a juventude da grande parte dos jogadores devia ser sinónimo de vontade, querer, determinação, irreverência, espírito de conquista, e não do “deixa andar” e “baixar de braços” que enfada todos aqueles que não desistem de acompanhar e apoiar a equipa de futebol do Penelense. E que desejam que o emblema que veneram seja ostentado por um grupo de bravos rapazes que “comam a relva”. Ou a areia...


António José Ferreira

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