sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Editorial

Ver e crer

Foram seis fins-de-semana que poderíamos classificar de todo-o-terreno. Fizesse chuva – como sucedeu neste último “Perto de Si”, no Rabaçal – ou sol, ninguém se deixou desmobilizar pelas condições atmosféricas, por mais adversas que fossem.
O objectivo estava aí, para quem quisesse ver. E a ideia era simples, fazendo os membros da autarquia assumirem um papel parecido ao de São Tomé. Não era pois “ver para crer”, mas ver para perceber o que era, de facto, urgente e a necessitar de intervenção.
Para os munícipes mais cépticos, como São Tomé, mas elevados “ao quadrado” – pois, por vezes, ver não era suficiente sequer -, recordo as palavras de um inquirido durante a visita à primeira freguesia: “O que pensa de iniciativas como esta?”, era a questão. A resposta foi: “Estou aqui há 39 anos e nunca cá vimos um presidente da Câmara antes”.
Creio eu que, como este munícipe de Penela, muitos outros pelo país foram os que “não o viram” - não estamos a falar de tempo de campanha e de comícios -, o seu presidente de Câmara, do respectivo Município. O que é curioso é as autarquias serem órgãos de gestão que implicam uma maior proximidade com as populações e, por vezes, essa proximidade não ser visível.
Durante seis fins-de-semana vi os órgãos do Município molharem os pés, a apanharem chuva, porem os pés na lama, tirarem pedras do caminho, a escutarem as pessoas, a debaterem as melhores soluções para os problemas que iam surgindo e a verem com os seus próprios olhos as necessidades que se impõem aos munícipes.
Poderia agora falar da minha experiência enquanto munícipe. Na passada semana, o Região do Castelo questionou os habitantes da Freguesia da Cumieira sobre o seu sentimento de pertença ao concelho. Tal questão poderia ter-me sido colocada: nasci e estudei no Avelar durante 9 anos. Confesso que durante esse tempo não senti grande afinidade com Penela. Mas, para ser sincera, também nunca a senti com Ansião, porque tanto a janela do meu quarto, como a do sítio onde costumava passar o tempo a estudar estiveram sempre viradas para a Serra do Espinhal – que é uma vista muito bonita, diga-se.
Hoje que trabalho em Penela e após estes últimos seis fins-de semana, sinto-me Penelense e sinto orgulho de residir neste concelho, onde iniciativas como o “Perto de Si” têm lugar. Porque ainda que a democracia não seja um sistema perfeito, é bom saber que há pelo menos alguém disposto a ouvir os cidadãos.


Sara Peres

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