quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Editorial

Em que ficamos?

Há dias, talvez já em campanha eleitoral, o Primeiro-Ministro José Sócrates traçou em quadro celestial para o próximo ano, embalado pela descida das taxas de juro e do preço do petróleo. “As famílias podem esperar em 2009 ter uma inflação mais baixa e, portanto, ganhar poder de compra”, afirmou. Sinais de optimismo. Mais recentemente, no Telejornal da RTP1, o Governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, não deu garantias de que os bancos portugueses estejam a salvo da crise que tem abalado grandes instituições financeiras mundiais e admitiu que Portugal pode chegar ao final do ano em recessão técnica. “No terceiro trimestre tivemos um crescimento negativo. É possível que no quarto trimestre Portugal volte a ter um crescimento negativo”, afirmou. Novos sinais de pessimismo. Antes de “mexermos no cinto”, temos de perguntar: em que ficamos?

Na passada sexta-feira 30 deputados da nação, no caso do PSD, faltaram às votações na Assembleia da República. Além do mau exemplo que dão ao país, em altura de “crise” e em que o sector produtivo não pode/deve abrandar, os representantes do povo fazem assim crescer a desconfiança dos cidadãos em relação à real missão que desempenham (no plenário e nas comissões). E trazem de novo “à baila” a questão: para quando a tão falada (e pelos vistos justificada) redução no número de deputados?

Os 100 anos de Manoel de Oliveira, conceituado cineasta português, e os 101 anos de Joaquim Isabelinha, sócio n.º 1 da Associação Académica de Coimbra, recentemente celebrados, devem ser exemplo para todos, de todas as idades, nomeadamente para os mais idosos. Diz o povo que “cada um sabe de si” ou que “cada um sabe onde lhe dói”, sendo certo que nem todos chegam à chamada “terceira idade” com a vitalidade dos citados “centenários”, mas é importante o incentivo para que todas as pessoas nesta fase das suas vidas continuem a “mexer-se” e a desenvolver, na medida do possível, as actividades onde encontram maior prazer. Porque “parar é morrer”, como também muito bem diz a sabedoria popular.

António José Ferreira

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