quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Editorial

Desilusão… colossal

“Incluo-me no rol daqueles que acreditam no novo Governo. Não por partidarismo, mas porque dá sinais de querer fazer o que realmente deve ser feito e não mais pode ser adiado em matérias tão sensíveis como Economia, Justiça, Educação. Consequência de anos e anos de erros sucessivos, dos quais nenhum dos partidos do arco governativo pode ‘sacudir a água do capote’, Portugal encontra-se numa situação muito débil e descredibilizado aos olhos do Mundo. Débil porque não gera recursos para sustentar as suas próprias necessidades; débil porque há casos de extrema pobreza, que se agudiza dia após dia, e que não podem ser ignorados; débil porque corre sérios riscos de ruptura social, com todas as consequências nefastas daí decorrentes (veja-se o que se passa actualmente na Grécia). Urge, portanto, ‘arrumar a casa’”.
São palavras nossas, escritas logo após a eleição de Pedro Passos Coelho para primeiro-ministro de Portugal. Não acreditamos em varinhas de condão, muito menos quando se trata de corrigir erros do passado e do restabelecimento da igualdade e da justiça social, e, por isso, sabíamos que não ia ser fácil a tarefa da coligação governamental para recuperar o país e para… cumprir o que prometera ao eleitorado. Mas quinze meses volvidos quase tudo continua na mesma. Ou pior… Quinze meses volvidos continua tudo por fazer na Economia (leia-se criação de emprego), na Justiça, na Educação; quinze meses volvidos Portugal está numa situação mais débil, com mais desemprego e mais pobreza (anunciada e, pasme-se, preconizada pelo chefe do Governo); quinze meses volvidos Portugal corre (ainda mais) sérios riscos de rutura social, com mais desempregados e cidadãos sem qualquer prestação social ou qualquer outro recurso; quinze meses volvidos a casa está mais desarrumada.
Uma diferença, para melhor. Portugal está hoje mais credibilizado aos olhos de outros países e das instituições internacionais (também dos agiotas que nos emprestam dinheiro a preço do diamante). Mérito do Governo de Pedro Passos Coelho, é certo, só que o cumprimento das obrigações assumidas no memorando de entendimento com a troika não pode ser conseguido à custa dos mais desfavorecidos, dos reformados, dos desempregados, dos idosos. Fazê-lo revela insensibilidade por parte de uma classe política empenhada em cumprir, mas pouco corajosa para ir buscar dinheiro onde sabe que o há, para combater lobies e interesses instalados, para acabar com privilégios de uns quantos (poucos) à custa do empobrecimento de outros (muitos). Afinal onde estão as “gorduras do Estado” identificadas por Pedro Passos Coelho quando era líder da oposição? Quando as ataca definitivamente, como prometeu ao país? Essas “gorduras” eram afinal e só os rendimentos dos trabalhadores e dos reformados?
As sucessivas medidas de austeridade e os impostos sobre o trabalho são reveladores de que, afinal, Pedro Passos Coelho não tinha soluções para o país e para a crise em que foi mergulhado pelo Eng. Sócrates (e não só). Prometeu-as, mas não as tinha. Urge que as encontre ou que se demita e dê lugar a quem as tenha. Porque o pagamento da dívida, o cumprimento do exposto no memorando de entendimento e a consolidação orçamental não podem ser feitos à custa dos cadáveres que vão ficando pelo caminho. São precisas outras soluções. Concretas.
Escrevemos a seguir, no mesmo Editorial publicado na edição n.º 68 do Região do Castelo, a 30 de Junho de 2011: “A equipa escolhida pelo Primeiro-Ministro tem o benefício da dúvida e deve recolher o beneplácito de todos os portugueses. Será (deve ser) escrutinada nos próximos tempos, quando surgirem os primeiros resultados das medidas que vai implementar e que hoje são discutidas no Parlamento”. Quinze meses volvidos, o resultado desse escrutínio esteve à vista no passado sábado, com centenas de milhares de portugueses nas ruas em protesto contra mais medidas de austeridade, nomeadamente contra a subida da TSU e contra a insensibilidade de tirar 7% a ordenados que já são mínimos; quinze meses volvidos, esse escrutínio prossegue amanhã no Conselho de Estado convocado pelo presidente Cavaco Silva…

Tudo a postos para as Festas de São Miguel 2012, que funcionam em simultâneo como uma mostra e um cartão de visita do concelho. Penela tem qualidade de vida, tem baixa taxa de desemprego, tem bons acessos, tem boas escolas e infraestruturas desportivas, tem belas paisagens e pontos turísticos, tem excelentes restaurantes e cafés, tem agora um magnífico hotel que preenche uma lacuna limitadora. Há ainda algo a fazer ao nível do saneamento e das estradas, entre outras melhorias, óbices que não impedem que o concelho seja atrativo, ao longo do ano, a visitantes que aderem às diversas iniciativas promovidas pela autarquia ou por outras instituições. Urge que o seja também para novos habitantes, a juntar aos atuais 5983 (de acordo com os censos de 2011). Serão bem-vindos!   

António José Ferreira

1 comentário:

Unknown disse...

Creio que alguns Penelenses exageram (por amor à sua Terra) considerando que é um oasis de bem-estar no meio de um Portugal em plena "decadência". Um pouco de realismo por favor: Penela não escapa aos problemas que existem no resto do país. As pessoas sofrem porque foram mal governados nas últimas decadas, seja a nível nacional seja a nível local. Infelizmente, neste regime de partidocracia alternativa, são os mesmo que provocaram o descalabro que serão chamados para o resolver. Também segundo o esquema de alternância em vigor: hoje nos, amanha vocês....